A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (27/11) a Operação Asylum para desarticular um esquema que enviava ilegalmente brasileiros aos Estados Unidos a partir do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais. Investigados produziam boletins de ocorrência ideologicamente falsificados para sustentar históricos de ameaça e perseguição, aumentando as chances de obtenção de refúgio na fronteira EUA-México. A Justiça Federal em Governador Valadares expediu três mandados de busca e apreensão cumpridos em Ipatinga (MG), Tarumirim (MG) e Novo Repartimento (PA), além de determinar o sequestro de bens e valores até R$ 263.464,25, valor estimado como lucro da quadrilha.
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O núcleo do esquema era formado por um contrabandista conhecido no Vale do Aço e por um servidor público que, mediante corrupção, emitia BOs registrando ameaças inexistentes. Os documentos eram entregues aos migrantes para comprovar situação de risco e justificar pedidos de proteção internacional ao chegarem ao território norte-americano. De acordo com a PF, pelo menos 65 brasileiros já foram identificados como tendo cruzado a fronteira com papéis adulterados; todos estariam tentando evitar deportação e garantir permanência legal nos EUA.
A investigação começou há meses, a partir de troca de informações com autoridades de imigração dos Estados Unidos que detectaram padrão suspeito em históricos policiais apresentados por solicitantes de asilo. Perícias nos sistemas da Polícia Civil de Minas Gerais confirmaram a inserção de dados falsos e a existência de registros duplicados com versões distintas. Agora, a PF busca identificar outros possíveis integrantes da cadeia, desde quem captava os clientes até eventuais intermediários que repassavam instruções sobre como usar os documentos na fronteira.
Os investigados responderão, em tese, pelos crimes de promoção de migração ilegal, inserção de dados falsos em sistema de informação, falsidade ideológica e corrupção passiva, todos previstos no Código Penal e na Lei de Migração (13.445/2017). A pena combinada pode ultrapassar dez anos de reclusão, sem prejuízo de reparação civil e perda de bens. A PF não descarta novas fases da operação nem pedidos de cooperação internacional caso se confirme o envolvimento de redes no exterior.