A Polícia Civil de Caxias do Sul (RS) prendeu, nesta quinta-feira (27 de novembro de 2025), cinco integrantes de um grupo que transformou cobranças de dívidas, de traficantes e agiotas em sessões de tortura, sequestros e extorsões. A ação, denominada Operação Omertà, culminou nas prisões simultâneas em Caxias do Sul e na cidade de Imbituba (SC). De acordo com o delegado Rodrigo Kleger Duarte, as vítimas foram submetidas a agressões filmadas, cárcere e ameaças em um modus operandi que imitava a brutalidade de organizações mafiosas, razão pela qual o nome da operação faz referência ao código de silêncio das máfias italianas.
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O grupo, que atuava como “prestadores de serviço” para traficantes e agiotas, utilizava vídeos gravados entre maio e agosto de 2025 para demonstrar a violência aos réu. Em seu celular, os policiais encontraram imagens de vítimas ajoelhadas, amarradas e agredidas com porretes, bastões e máquinas de choque. Na residência do principal acusado, foram apreendidos celulares, drogas e instrumentos idênticos aos usados nas agressões, incluindo um pé de cabra e uma barra metálica, além das roupas vistas nas gravações. O segundo integrante, responsável por acompanhar o torturador nos sequestros, cuidar da movimentação das vítimas e filmar as sessões de violência, fugiu para Santa Catarina, mas foi preso na manhã seguinte no bairro Desvio Rizzo.
A investigação avançou a partir da prisão do primeiro suspeito, identificado como torturador profissional. Ele era o responsável por executar as “cobranças” encomendadas, enquanto o quarto preso era acusado de executar cobranças especialmente violentas, como invadir a casa de uma vítima, colocar-a de joelhos diante das filhas menores, apontar uma arma para a cabeça dela e gravar um vídeo exigindo o pagamento da dívida. O último integrante teve a preventiva decretada pela Justiça, sendo o torturador identificado na primeira fase das diligências, quando as provas sobre seu envolvimento já eram consideradas irrefutáveis. O grupo operava sob a coordenação de traficantes e agiotas que terceirizavam as cobranças, criando uma engrenagem clandestina movida pelo medo, pela força e pela certeza de impunidade.
A Operação Omertà demonstra a capacidade das autoridades em desmantelar redes criminosas que combinam violência extrema com extorsão financeira. As prisões reforçam o entendimento de que, mesmo em áreas menos visíveis, grupos organizados continuam a explorar dívidas como meio de controle social, recorrendo a tortura para manter a submissão. A ação, que envolveu equipes da Decap e da Dras, ambas do Deic, destaca a importância da cooperação entre os estados, resultando em detenção de suspeitos que migraram para Santa Catarina. O caso permanece em investigação, com foco na desarticulação das ligações entre o núcleo criminal e os traficantes que os contratavam.