A dengue deixou de ser uma preocupação sem solução no Brasil: a vacina de dose única desenvolvida pelo Instituto Butantan com apoio da farmacêutica chinesa WuXi obteve registro da Anvisa após demonstrar, em cinco anos de estudo com 12-59 anos, 74,7 % de eficácia geral, 91,6 % de proteção contra formas graves com sinais de alarme e 100 % de redução de hospitalizações. Para quem vive em área de endemia, isso significa que, se o imunizante for incluído no SUS, uma única visita à unidade de saúde poderá diminuir drasticamente o risco de internação ou morte, aliviando a pressão sobre hospitais e famílias que convivem com a incerteza de surtos anuais.

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O produto é um vívivo-atenuado liofilizado, produzido em biorreatores de células Vero e formulado para ser administrado independentemente de sorotipo prévio; ou seja, não exige teste de sorologia antes da aplicação. A tecnologia transferida pela WuXi ao Butantan elevou a capacidade produtiva em cinquenta vezes, passando de lotes experimentais para uma linha que, segundo o Secretariado Permanente do Fórum China-Países de Língua Portuguesa, deverá entregar 30 milhões de doses no segundo semestre de 2026. A planta paulista, que já recebe cerca de R$ 10 bilhões/ano para vacinas diversas, ganhou novos módulos de purificação e envase que garantem escalonamento rápido caso a demanda nacional ou de exportação cresça. A parceria prevê ainda intercâmbio de insumos farmacêuticos ativos, o que reduz a dependência de importações e torna o Brasil um polo regional de suprimento.

Apesar da eficácia expressiva, a vacina não elimina a necessidade de controle vetorial: o estudo mostrou proteção parcial contra infecção leve, o que significa que parte dos vacinados ainda pode transmitir o vírus por meio da picada do Aedes. Além disso, o público fora da faixa etária avaliada – crianças, gestantes e adultos acima de 59 anos – não foi incluído nos ensaios, de modo que a segurança e a imunogenicidade nesses grupos ainda serão monitoradas em fase pós-comercialização. A durabilidade da resposta também está em observação: os dados atuais cobrem cinco anos, mas estudos de extensão acompanharão voluntários por até dez anos para detectar possível necessidade de reforço ou interação com outros flavivírus, como zika e chikungunya. Enquanto isso, a recomendação da Anvisa é manter medidas de eliminação de criadouros, uso de repelentes e diagnóstico precoce, especialmente em áreas com circulação simultânea de sorotipos diferentes.

A incorporação ao SUS ainda aguarda análise de custo-efetividade pelo Ministério da Saúde e possível inclusão no Calendário Nacional de Vacinação; portanto, não há data aberta para vacinação de rotina. Quando ocorrer, a estratégia deve priorizar municípios com alta incidência, seguindo o modelo de campanhas seletivas adotado para febre amarela. A logística será simplificada pela apresentação liofilizada, que permite conservação por até 24 meses entre 2 °C e 8 °C, compatível com a rede de frio já usada para influenza e covid-19. A expectativa do governo é iniciar aplicações no início de 2026, mas lotes de expansão podem ser disponibilizados antes em estados que registrarem surtos precoce, desde que haja aval da Comissão Intergestores Tripartite.

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