Em 27 de novembro de 2025, a agência de notícias Reuters divulgou que o “plano de 28 pontos” de paz, supostamente elaborado pelo ex‑Presidente Donald Trump para a Ucrânia, teria sido baseado em uma lista de condições russas entregue a Washington em outubro, em caráter não‑oficial. O documento teria sido desenvolvido, em parte, numa reunião realizada em Miami no mês passado, entre Jared Kushner, genro de Trump; Steve Witkoff, enviado especial encarregado de negociações entre Kiev e Moscou; e Kirill Dmitriev, diretor de um dos fundos soberanos russos. Poucos membros do Departamento de Estado e da Casa Branca, inclusive o Secretário de Estado Marco Rubio, teriam sido informados sobre a conversa.

A política institucional que envolve essa situação coloca em evidência a relação entre o governo dos Estados Unidos e a Rússia no contexto do conflito ucraniano. Segundo a reportagem da Reuters, as condições russas incluiriam a entrega de territórios que a Ucrânia ainda controla, a redução drástica de seu exército e a proibição de sua adesão à OTAN. Essas exigências, segundo a análise da agência, equivaleriam a uma capitulação da Ucrânia, o que geraria uma alteração significativa no equilíbrio estratégico da região. A ausência de participação dos negociadores ucranianos no processo de elaboração do plano, além da suposta influência de Witkoff – cuja neutralidade deveria ser garantida – sugere um viés em favor da Rússia.

As consequências práticas deste plano se manifestariam em vários níveis. Em termos de segurança, a diminuição das forças ucranianas e a cessão de territórios poderiam consolidar a presença russa em áreas de fronteira, alterando o cenário de defesa coletiva da OTAN. Em termos diplomáticos, o fato de o documento ter sido apresentado como de origem “washingtonana”, quando, de fato, teria origem nas demandas russas, pode afetar a credibilidade das negociações americanas perante a comunidade internacional e a própria Ucrânia. Ainda, a falta de transparência na comunicação entre os atores envolvidos pode gerar desconfiança entre as partes, comprometendo futuros acordos de paz.

Por fim, a divulgação de diálogos telefônicos entre Witkoff e Dmitriev, em que o negociador americano sugeriu que Vladimir Putin telefonasse a Trump antes de um encontro com Zelensky, indica a tentativa de alinhar posições entre Washington e Moscou. Tal ação, se confirmada, reforçaria a percepção de que os interesses russos estavam sendo priorizados na formulação de um acordo de paz. A falta de participação dos representantes ucranianos no processo de elaboração do plano, aliada ao controle de informações dentro da Casa Branca, configura uma dinâmica de negociação que pode limitar a efetividade de qualquer acordo futuro, considerando a necessidade de consenso entre todas as partes envolvidas.

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