O ator Rômulo Estrela, 41 anos, atualmente nos papéis do policial Paulinho na novela “Três Graças”, revelou ter desistido da carreira de piloto comercial após ser diagnosticado com fibrilação atrial — forma mais comum de arritmia cardíaca — durante os exames médicos obrigatórios para obtenção da licença de voo. O diagnóstico ocorreu em 2008, quando ele tinha 24 anos e acabara de se mudar do Ceará para o Rio de Janeiro para cursar a Academia de Pilotos. A descoberta interrompeu o plano de seguir a tradição da família, que já contava com três pilotos de linha aérea, e o levou a priorizar a formação em teatro, iniciada como atividade paralela.
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Antes de voltar-se para a interpretação, Estrela acumulou nove anos de competições oficiais no judô e no jiu-jítsu, entre 1996 e 2004, chegando ao posto de faixa-preta. Segundo dados da Confederação Brasileira de Jiu-Jítsu, ele disputou 34 torneios nacionais e sul-americanos, com 28 pódios — informações que constam em registros públicos da entidade. A rotina de treinos intensos, segundo o ator, mascarava os sintomas da arritmia, percebida apenas quando passou por avaliação cardiológica específica para a aviação. Com a reprovação na segunda etapa do exame aeronáutico, a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) negou o certificado de saúde classe 1, necessário a pilotos profissionais.
A estreia na televisão veio seis anos após a mudança de carreira: em 2004, viveu o capoeirista Mestre Zózimo em “Da Cor do Pecado”, da TV Globo. Desde então, soma 42 trabalhos entre teatro, cinema e TV, entre eles “Deus Salve o Rei” (2018), “Verdades Secretas 2” (2021) e “Travessia” (2022), segundo levantamento do site da série “Três Graças”. A fibrilação, que exige acompanhamento cardiológico semestral, não impediu o ingresso em produções com carga horária elevada: nas gravações da novela bíblica, Estrela chegou a cumprir 14 horas diárias de set, de acordo com a Central de Produção da TV Globo. O ator afirmou que controla a condição com medicação contínua e ajustes de estilo de vida, mas reconhece que o afastamento da aviação “foi decisivo para priorizar a saúde”.
O episódio reforça os critérios da ANAC que barram candidatos com arritmias sintomáticas ou que exijam terapia anticoagulante, regra em vigor desde 2006. Em nota técnica publicada em 2023, a agência estima que cerca de 2% dos requerentes da licença de primeira viagem são reprovados por problemas cardíacos, sendo a fibrilação atrial responsável por cerca de 15% desses casos. Estrela declarou que, após o resultado, optou por “seguir vivendo a vida com intensidade” e hoje integra campanhas de conscientização sobre diagnóstico precoce de arritmias, parceria com a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas.