A atenção à saúde vai além dos exames e medicamentos; ela envolve a capacidade de exercer direitos, reconhecer falhas e buscar alternativas quando o serviço contratado não cumpre a promessa. O caso da Hapvida, que atualmente registra mais de 24 000 reclamações no Reclame Aqui, ilustra como a falta de transparência, o atraso nos procedimentos e a recusa de exames podem gerar estresse físico e psicológico em pacientes e familiares. O que se observa é que, ao perceber uma falha no atendimento, o paciente deve imediatamente documentar o ocorrido, manter cópias de prontuários e protocolos, e registrar a reclamação em plataformas oficiais, como o próprio site da operadora, o Ministério Público ou a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Esse registro torna o processo mais efetivo, pois, segundo dados recentes, a Hapvida responde a 88,3 % das reclamações em até oito dias, um tempo que pode ser crítico em situações de urgência.

Para lidar com as frustrações geradas por negativas de exames ou internações, os consumidores podem adotar estratégias simples: primeiro, solicitar a justificativa por escrito da negativa; segundo, solicitar a transferência de responsabilidade para o SUS, se a situação for de urgência e houver risco de vida; e terceiro, recorrer à via judicial apenas quando houver decisão judicial em desfavor da operadora. A legislação prevê que, em casos de descumprimento de decisões judiciais, o Ministério Público pode instaurar inquérito, como já aconteceu em São Paulo e Minas Gerais. Embora o processo possa parecer demorado, ele é uma forma legítima de proteger o seu direito à saúde. Paralelamente, manter um contato constante com o setor de atendimento ao cliente, via telefone ou e‑mail, pode acelerar a resolução de pequenos problemas, como a falta de profissionais ou de insumos.

É fundamental reconhecer o impacto emocional dessas situações. Quando o atendimento se torna um “matadouro disfarçado de hospital”, o paciente pode experimentar ansiedade, medo e sensação de impotência. Nesses momentos, a prática regular de técnicas de respiração, meditação guiada ou mesmo a busca por apoio psicológico, mesmo que gratuito em serviços de atenção psicossocial, pode ser decisiva para manter a saúde mental. Além disso, a organização de um “kit de saúde” – com cópias de documentos, um telefone de emergência, contatos de médicos de confiança e um plano de contingência para consultas fora da operadora – pode reduzir a sensação de vulnerabilidade. A orientação é sempre preventiva: mantenha-se informado sobre as cláusulas do seu plano, sobre os prazos para revisão de negativa e sobre os canais de reclamação reconhecidos pelos órgãos reguladores.

Em síntese, a crise da Hapvida serve como alerta de que, em um cenário de complexidade crescente no setor de saúde suplementar, a saúde do indivíduo passa a incluir não apenas o tratamento clínico, mas também a defesa de seus direitos e o cuidado com o bem‑estarem emocional. Ao combinar a documentação rigorosa, o uso dos canais oficiais e o suporte emocional adequado, o paciente pode transformar a adversidade em oportunidade de fortalecer sua autonomia e sua resiliência diante de futuros desafios de saúde.

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