São Paulo – O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) anunciou nesta quinta-feira (27) a deflagração da Operação Poço de Lobato, que cumpriu 190 mandados de busca e apreensão contra o Grupo Refit, um dos maiores players do mercado de combustíveis do país, por suspeita de sonegação e lavagem de dinheiro. Segundo o Executivo paulista, o esquema teria gerado prejuízo de R$ 350 milhões por mês aos cofres públicos. A ação mobilizou 620 agentes da Receita Federal, Ministério Público de São Paulo, Polícia Civil e Polícia Militar em cinco estados e no Distrito Federal.
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O grupo, que controla a Refinaria de Manguinhos, no Rio de Janeiro, aparece como o maior devedor contumaz da União, com débitos que somam R$ 26 bilhões, dos quais R$ 9,6 bilhões referentes apenas ao ICMS devido ao estado de São Paulo. Autoridades estimam que, desde 2024, a empresa tenha movimentado mais de R$ 72 bilhões por meio de uma estrutura financeira que, segundo investigadores, contava com uso de offshore, notas frias e transações simuladas para reduzir a base de cálculo de tributos. A Receita Federal afirma que o fluxo de recursos era “extremamente sofisticado”, com operações que envolviam múltiplas pessoas jurídicas interpostas e contratos de faturamento falso.
A Operação Poço de Lobato foi batizada em referência à obra de José Lobo, personagem que descrevia um poço sem fundo, símbolo, segundo o MPSP, da capacidade do grupo de gerar prejuízos crescentes ao erário. Durante coletiva no edifício-sede do Ministério Público estadual, Tarcísio comparou o valor mensal desviado ao custo de 20 escolas ou de um hospital de médio porte no interior paulista, orçado em cerca de R$ 320 milhões. “Estamos diante de uma operação histórica que nasce do inconformismo com devedores contumazes”, declarou o governador, reforçando que a medida integra esforços do estado para combater inadimplência tributária de grande monta.
Além das diligências nas sedes do grupo, os agentes apreenderam documentos contábeis e eletrônicos que, segundo procuradores, devem detalhar o funcionamento do circuito de lavagem. Nenhum valor em espécie foi inicialmente revelado. A investigação, iniciada há dois anos, prossegue sob sigilo para identificar beneficiários finais das operações e eventuais integrantes do esquema em outras esferas. O Grupo Refit ainda não se pronunciou oficialmente sobre as acusações.