Estreando nos cinemas brasileiros a partir de 26 de novembro, A Natureza das Coisas Invisíveis chega com a força de uma revelação: primeiro longa da diretora e roteirista Rafaela Camelo, o filme foi eleito pela crítica como o melhor título nacional da 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e recebeu o Prêmio Prisma Queer, consagrando-se como um dos destaques da temporada. A obra acompanha o encontro entre duas meninas de dez anos, Glória e Sofia, durante as férias de verão em um hospital. Enquanto Glória acompanha a rotina da mãe enfermeira, Sofia visita a bisavó internada com Alzheimer. É nesse espaço de passagem, entre a vida cotidiana e a fragilidade do tempo, que as duas descobrem uma amizade que transforma o verão em uma experiência de crescimento profundo e inesquecível.

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Dirigido com sensibilidade por Rafaela Camelo, o filme é construído com uma linguagem contemplativa e poética, que valoriza o olhar infantil sem cair no sentimentalismo. A direção aposta na observação silenciosa e nos detalhes do cotidiano para construir uma narrativa que flui entre a realidade e a imaginação das protagonistas. Laura Brandão e Serena, nas pequenas e intensas atuações de Glória e Sofia, carregam o filme com naturalidade e autenticidade, revelando uma maturidade surpreendente. O roteiro, também assinado por Rafaela, dialoga com temas como a finitude, a memória e a construção da identidade, sem jamais perder a leveza e o frescor próprios da infância. A fotografia, com tons suaves e luminosos, realça a beleza dos momentos simples, transformando gestos cotidianos em imagens que permanecem na memória do espectador.

Ambientado quase que inteiramente dentro do hospital, o filme utiliza o espaço como um microcosmo onde o tempo parece suspenso. A construção do cenário e a escolha dos enquadramentos reforçam o sentimento de clausura e descoberta, enquanto as meninas exploram corredores, salas vazias e jardins esquecidos, criando seu próprio universo de significados. A trilha sonora, discreta e envolvente, complementa a atmosfera intimista, sem jamais sobrepor-se às emoções em tela. A montagem, em ritmo contemplativo, permite que as cenas respirem, dando espaço para que o público mergulhe na subjetividade das personagens. A dimensão queer do filme, reconhecida pelo prêmio no festival, está presente de forma sutil, na forma como as meninas constroem sua identidade e afetividade fora dos padrões impostos.

A Natureza das Coisas Invisíveis posiciona-se como uma obra que dialoga com o cinema de formação de identidade infantil, sem, contudo, se limitar ao público infantojuvenil. Sua força está na capacidade de traduzir emoções complexas com simplicidade, oferecendo uma experiência sensorial que convida à reflexão sem recorrer a didatismos. Ao trazer para o centro da narrativa o olhar de duas crianças sobre a vida, a morte e a amizade, o filme de Rafaela Camelo abre espaço para uma sensibilidade rara no cinema brasileiro contemporâneo, consolidando sua importância tanto na crítica quanto no público que busca histórias autênticas e emocionantes.

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